quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

RAIVA PODE GERAR DOENÇAS COMO A DEPRESSÃO

Rancor e mágoa causados pelo sentimento podem gerar doenças graves como a depressão
O sangue ferve, a respiração fica ofegante, a cara fica sisuda, o seu dia parece que acabou naquele exato momento. A cena descrita é um efeito presente em situações do nosso dia a dia: o que você sente é raiva. O problema é que quando não é trabalhada psicologicamente, a raiva gera rancor, mágoa e até dor física, que podem levar a doenças como depressão e estresse, além de prejudicar os relacionamentos.

Guardar para si esta sensação ruim só potencializa a angústia, por isso os especialistas aconselham ponderação e maturidade na hora de lidar com ela. "Estamos suscetíveis a senti-la já que estabelecemos relações afetivas com o outro, porém, devemos aceitar que ele não é o culpado pelo o que sentimos. Sentimos raiva por que não temos nossas expectativas concretizadas e daí vem a mágoa. Só que o outro não tem que, necessariamente corresponder as nossas expectativas, mesmo quando a causa é a injustiça ou a humilhação. Não somos iguais", explica o psicólogo Chris Almeida.
Uma pitada necessária, mas perigosa
Para o psicólogo Chris Almeida, a raiva é um sentimento fundamental para as relações humanas. "Ela faz você reagir ao que te faz mal, faz você querer mudar", explica ele. "Porém, quando em dose excessiva, causa mágoa e rancor e provoca muito mais mal para quem a sente do que para quem a despertou", continua. "Se a pessoa não sabe lidar com a frustração, pode desenvolver quadros de depressão e estresse graves, que só serão curados quando o paciente aceitar que a realidade nem sempre corresponde ao esperado", alerta o psicólogo.
"Sentimos raiva por que não temos nossas expectativas concretizadas”.
O mundo não gira ao seu redor
Faz parte de saber lidar com a raiva entender que caminhamos sozinhos e que devemos correr atrás das coisas que queremos sem esperar delas nada em troca. Quando crianças, somos levados a acreditar que somos o centro das atenções e nos acostumamos com mimos e manhas e, quando crescemos, é difícil perceber que isso mudou e que as pessoas não vão fazer tudo o que queremos. "Quando não espero do outro aquilo que posso fazer por mim mesmo, não há frustração. A raiva é irmã mais velha do fracasso. Se valorizo demais esse sentimento, é por que deposito sempre no outro aquilo que é minha obrigação", explica o psicólogo.
O culpado sou eu?
Para Chris Almeida, a raiva é sempre causada pelas expectativas que depositamos no outro e não por culpa de alguém. Por isso, antes de culpar o outro pela raiva que sentiu, lembre-se de que você depositou sobre ele expectativas e desejos que são seus. "Mesmo quando esbarramos na mesinha da sala ao tentar chegar na cozinha, e sentimos raiva por isso, a causa do problema é a frustração de termos sido impedidos de fazer algo. A raiva é sempre fruto de um desejo que não se cumpre", explica o psicólogo.
"A raiva faz você reagir ao que te faz mal, faz você querer mudar"
Pronto, falei!
Guardar para si o sentimento é sempre pior. A raiva guardada vai se armazenando e tomando dimensões maiores. Na hora do desabafo, muitas vezes, aparecem mágoas do passado que estavam adormecidas e geram ainda mais confusão. "Por isso, resolva o problema conversando com o outro e tenha sempre em mente que ele não tem a obrigação de corresponder as suas expectativas", sugere o psicólogo.
"A raiva é irmã mais velha do fracasso. Se valorizo demais esse sentimento, é por que deposito sempre no outro aquilo que é minha obrigação".
Espere a poeira baixar
Na hora da raiva, a sensação de angústia e mal-estar sempre supera a racionalidade, agimos por impulso, e depois nos arrependemos. Para evitar essa situação, o psicólogo aconselha paciência e ponderação: "Espere a poeira baixar. Depois de certo tempo, digerimos melhor as coisas e não magoamos quem não tem culpa e, muitas vezes, evitamos que o problema se torne ainda maior por simples falta de jeito de lidar com a situação", diz ele.
Extravase e liberte-se
Se não dá para falar com o outro sobre a raiva para resolver e deixar as coisas às claras, o jeito é optar por meios alternativos. "Que tal um saco de pancadas ou um grito? Isso alivia a tensão", sugere Chris. Manual para não deixar que a raiva tome conta de você
1- Não crie muitas expectativas em relação ao comportamento dos outros
2- Aceite o fato de que você não é o centro de tudo
3- Alivie a tensão com diálogo e métodos alternativos: exercícios físicos e meditação podem ser boas opções. "A raiva é como uma toxina, e precisa ser liberada para não se converter em coisas ruins", explica o psicólogo.
4- Procure reverter a raiva em estímulo, assim, você canaliza sua força para fazer
coisas boas
Fonte: Natalia do Valle - Yahoo Saúde

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ASPECTOS EMOCIONAIS DO CÂNCER

A partir de uma pesquisa realizada por Leshan a qual estudou mais de 500 pacientes com câncer, observou-se que em 76% dos casos estes pacientes pareciam ter mais emoções do que energia para expressá-las. Demonstram possuir mais energia emocional do que formas para as manifestar. Muitas vezes, esses pacientes foram capazes de se relacionar de forma constante, mas posteriormente retirados ou privados desses relacionamentos experimentaram sensação de prostração e desenvolveram o câncer. Além disso, esses indivíduos também demonstram ser incapazes de expressar seus sentimentos de mágoa, zanga, hostilidade, raiva, tomando como característica a “ bondade”, mas que na verdade, era um sinal de fracasso, de falta de esperança.

Para Leshan o padrão emocional básico do indivíduo com câncer possui três elementos principais:
  1. Uma infância ou adolescência marcada por sentimentos de isolamento. Sensação de que os relacionamentos intensos e significativos são perigosos e provocam sofrimento e rejeição
  2. Período de descoberta de um relacionamento significativo, permitindo ao indivíduo que desfrute a sensação de ser aceito e encontre um sentido para sua vida. Assim, este relacionamento tornou-se o centro da vida do paciente.
  3. Quando ocorre a perda daquele relacionamento central, surgindo uma sentimento de desespero, abandono, solidão, relacionados a infância porem mais intensos. A vida perde seu objetivo e encerra-se a esperança.
De acordo com Dahlke o amor é um estado de consciência que capta algo da unidade de tudo que existe. Abre as limitações e permite a entrada de outro para que haja uma união. No amor se unem e se fundem os opostos. Mas, quem não vive este amor na consciência corre o risco de ver seu amor vincular-se à materialidade, tentando fazer as leis que também regem o câncer.

O câncer é um amor num nível equivocado, sintoma de um amor mal compreendido. Ele não mostra o amor vivido, é um amor pervertido. E só sente respeito pelo amor verdadeiro e o símbolo desse amor é o coração, único órgão que não pode ser atacado pelo câncer.

No entanto, não é preciso vencer o câncer, ele tem de ser compreendido para que também possamos compreender a nós mesmos. Representa uma grande oportunidade para descobrirmos nossos próprios erros de pensamentos e enganos.

Simonton refere que após o aparecimento da doença, muitos dão o primeiro passo para alterar a sua direção. Depois, ao mudarem suas atitudes e comportamentos, podem se orientar para o caminho da saúde.

Para Sidney in Leshan “a cura está enraizada na estrutura do organismo total, e o melhor que o terapeuta tem a fazer é colaborar com a natureza, isto é, ajudar o organismo a funcionar à sua maneira, da forma mais eficaz e completa possível”. No processo terapêutico, o principal enfoque é buscar que o paciente fique em total harmonia consigo mesmo, para que possa reagir de modo completo e espontâneo.

Simonton descreve quatro etapas no âmbito psicológico que são observadas nos paciente quando estes redirecionam sua vida quanto a vontade de viver.
1.   Com o diagnóstico de uma doença mortal, a pessoa adquire uma nova perspectiva em relação aos seus problemas. O medo da morte, permite aos indivíduos agir de maneira diferente da qual vivia, a raiva, a hostilidade podem agora ser expressadas, a doença dá o direito da pessoa dizer não.
2.   A pessoa toma decisão de mudar o seu comportamento, de ser uma pessoa diferente. Observa-se maior liberdade de ação e utilização de outros recursos, o indivíduo passa a perceber que está em si mesmo a resolução de seus problemas, ou que consegue lidar com eles. Percebe que quebrar antigas regras, mudar seu comportamento não interferem na perda de sua identidade.
3.    Os processos físicos do corpo reagem aos sentimentos de esperança e há um renovado desejo de viver, criando um ciclo reforçado a partir do novo estado mental. Mudanças no estado psicológico resultam em mudanças no estado físico.Na maioria dos casos esse processo passa por oscilações, podem haver recaídas físicas por conflitos que encontra durante o tratamento até o momento que o paciente sinta-se novamente confiante para lidar com a situação.
4.   O paciente curado está melhor do que antes. A saúde que recuperam é superior a que tinham antes do aparecimento da doença. Os pacientes que participaram de forma ativa no tratamento do câncer, apresentam atitudes diferentes e são mais positivos em relação à vida. Acreditam e passam a ter confiança de que as coisas vão melhorar e deixam de ser vítimas dos conflitos.

Fonte:
Dahlke, R. (1992) A Doença Como Caminho. São Paulo: Pensamento Cultrix.
Leshan, L.( 1992). O Câncer Como Ponto de Mutação – Summus Editorial  
Leshan, L. (1994). Brigando pela Vida – Aspectos emocionais do câncer. Tradução Denise Bolanho. São Paulo: Summus
Simonton, O C. & Simonton, S. M. & Creighton, J. L.(1987) Com a vida de novo: Uma abordagem de auto – ajuda para pacientes com câncer. São Paulo: Summus

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"EMOÇÕES E SISTEMA IMUNOLÓGICO"

UM OLHAR SOBRE A PSICONEUROIMUNOLOGIA

Ângela da Costa Maia
Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Portugal

A disciplina designada por Psiconeuroimunologia é o campo científico que investiga as ligações entre o cérebro, o comportamento e o sistema imunológico, bem como as implicações que estas ligações têm para a saúde física e a doença (Kemeny & Gruenewald, 1999). A hipótese base deste modelo é que os stressores psicossociais diminuem a eficiência do sistema imunológico o que leva ao aumento de sintomas médicos (risco de uma doença).

Depois do estabelecimento da relação global entre acontecimentos e problemas de saúde, muitos estudos têm procurado analisar o impacto dos acontecimentos de vida sobre a saúde em função dos fatores psicológicos.

Este modelo assume que a mudança imunológica é mediada por fatores como a ativação do SNC, a resposta hormonal e a mudança comportamental, em função das características e estado psicológicos. As ligações entre o SNC e o sistema imunológico foram identificadas nomeadamente pela observação de que linfócitos como as NK têm receptores para os neurotransmissores. Vários autores encontraram igualmente ligações entre o sistema imunológico e o endócrino através do efeito de diferentes mediadores hormonais como catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), cortisol, prolactina, ACTH, TSH, hormona do crescimento ou opiáceos endógenos, hormonas que estão relacionadas com a resposta ao stress.  Além disso, existe enervação simpática e parasimpática dos órgãos linfóides. Por seu lado alguns comportamentos que são associados a características psicológicas ou são respostas ao stress podem influenciar o sistema imunológico: práticas de saúde más como fumar, dieta inapropriada e sono perturbado diminuem a resposta imunológica.
 

Podemos dividir as investigações que analisaram a relação entre os fatores psicológicos e a saúde e/ou a eficiência imunológica em quatro grupos:  
1.   Os que estudaram o efeito das situações de stress (quer em condições naturalistas, quer em laboratório);
2.   Os que estudaram o efeito do afeto, nomeadamente o humor triste e a depressão;
3.   Os que estudaram o efeito das características de personalidade;
4.   Os que estudaram a importância das relações interpessoais.


Alguns autores têm sugerido que os acontecimentos traumáticos confrontam o sujeito com informação que é inconsistente com o modo como normalmente organiza a informação e exigem parte deste um trabalho para integrar a nova informação.

Experiências traumáticas são uma ameaça aos esquemas com que a pessoa organiza o mundo e a si próprio, pondo em causa as suas crenças básicas sobre a existência de um mundo previsível e a sua dignidade e eficácia como participante da sociedade. Para lidar com essa ameaça é necessário reformular estas idéias e redefinir a si próprio e ao seu mundo. Isto implica um trabalho ativo de pensar quer sobre o acontecimento, quer sobre os pensamentos e sobre as emoções a ele associado.

A idéia de que esta construção de significado aumenta a adaptação psicológica tem sido defendida por vários autores tendo Afflect, Tennen, Croog e Levine (1987) encontrado um efeito sobre a saúde: os sujeitos que reorganizaram a vida e perceberam benefícios do fato de terem sido vítimas de um ataque cardíaco (mudando os seus valores e filosofia de vida) revelaram menos probabilidade de ter um novo ataque.

Em suma, alguns estudos sugerem através das experiências que desafiam as concepções com que o sujeito antes organizava o mundo, a capacidade de dar um significado positivo à experiência parece estar relacionada com efeitos positivos a sua saúde e ao sistema imunológico.

Ainda que o trabalho individual de pensar e elaborar os significados dos acontecimentos traumáticos seja uma dimensão importante ou mesmo suficiente para alguns sujeitos, é na interação com os outros e na elaboração dessas experiências através da linguagem que as respostas fisiológicas e emoções podem ser melhor articuladas e integradas. Ou seja, a forma mais natural de dar sentido e integrar os acontecimentos de vida é através da utilização da linguagem e da partilha com outros. Falar permite a comparação social, integrar pontos de vista alternativos e, especialmente, contribuir para a organização das imagens e das respostas fisiológicas e emocionais sob uma forma narrativa de modo a dar continuidade e assim assimilar as dimensões cognitivas com as emocionais num todo articulado. Deste modo as respostas fisiológicas e emocionais relacionados com uma experiência, muitas vezes repetidamente ativadas de forma caótica sob a forma de intrusão ou ativação emocional ficam sob o controle do sujeito autor, e não apenas vítima, da experiência.

Sendo falar a forma mais natural de lidar com uma experiência traumática, há, no entanto, situações em que por razões relacionadas com o tipo de experiência vivida ou o contexto interpessoal, o sujeito não encontra condições para falar. Alguns traumas dificultam a partilha por causarem constrangimento, humilhação, vergonha ou mesmo culpa ao próprio sujeito.

Se a psicoterapia for entendida como suporte social e uma oportunidade para acelerar o processamento das experiências, ela terá, com certeza, um efeito positivo sobre o funcionamento imunológico. Lidar com acontecimentos negativos exige a utilização de estratégias de coping que passam por uma série de fases mais ou menos previsíveis e a psicoterapia constitui uma forma de realizar as tarefas de modo a diminuir as consequências negativas. De fato a psicoterapia pode ser concebida como forma de acelerar o processo de lidar com as experiências negativas e prevenir os potenciais efeitos nefastos de uma determinada experiência.


Fonte: Psicologia: Teoria, investigação e prática. (2002)




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"RAIVA E ÓDIO - EMOÇÕES NEGATIVAS"

A Raiva de fato mata ou, pelo menos, aumenta significativamente os riscos de ter algum problema sério de saúde, onde se inclui desde uma simples crise alérgica, uma grave úlcera digestiva, até um fulminante ataque cardíaco.
Janice Williams acompanhou por seis anos 13.000 homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos e, tomando o comportamento como base, descobriu que as pessoas que se irritam intensamente, e com freqüência, têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infarto do que aquelas que encaram as adversidades com mais serenidade (Williams, 2000).

Isso ocorre porque, a cada episódio de Raiva, o organismo libera uma carga extra de adrenalina no sangue. O aumento da concentração de adrenalina aumenta o número de batimentos cardíacos e, simultaneamente, torna mais estreitos os vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial. A repetição desses episódios pode gerar dois problemas em geral associados ao infarto; alteração do ritmo cardíaco (arritmia), aumento da pressão arterial e uma súbita dilatação das placas de gordura que, porventura, estejam nas artérias.

A ansiedade e a Raiva são perigosas à saúde. Um recente artigo de Suinn oferece uma revisão seletiva da pesquisa nessa área e ilustra como a ansiedade e a Raiva aumentam a vulnerabilidade às doenças, comprometem o sistema imune, aumentam níveis de gordura no sangue, exacerbam a dor, e aumentam o risco da morte por doença cardiovascular.


Assim sendo, as pessoas cuja personalidade se classifica como Pavio Curto, está provado, têm muito mais chances de sofrer do coração. Parar de fumar, fazer exercícios regularmente e ter uma alimentação saudável já é difícil, hoje em dia, dominar a Raiva, é mais difícil ainda, mas é possível.

Não se pode tentar estabelecer alguma relação entre Raiva e agente estressor desencadeante da Raiva. Essa questão varia de pessoa para pessoa e depende, basicamente, da valoração que a pessoa dá aos objetos do mundo à sua volta e dos traços de sua personalidade.

O Ódio é mais profundo que a Raiva. Enquanto a Raiva seria predominantemente uma emoção, o Ódio seria, predominantemente, um sentimento. Paradoxalmente podemos dizer que o ódio é um afeto tão primitivo quanto o amor. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, os quais refletem mais ou menos o narcisismo fisiológico que nos faz pensar sermos muito especiais.

Assim como o amor, só odiamos aquilo que nos for muito importante. Não há necessidade de ser-nos muito importantes as coisas pelas quais experimentamos Raiva, entretanto, para odiar é preciso valorizar o objeto odiado.

Em termos práticos podemos dizer que a raiva, como uma emoção, não implica em mágoa, mas em estresse, e o ódio, como sentimento, implica numa mágoa crônica, numa angústia e frustração. Nenhum dos dois é bom para a saúde; enquanto a raiva, através de seu aspecto agudo e estressante proporciona uma revolução orgânica bastante importante, às vezes suficientemente importante para causar um transtorno físico agudo, do tipo infarto ou derrame (AVC), o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, mais compatível com o câncer, com arteriosclerose, com a diabetes, hipertensão crônica. 

A força do ódio é muito grande. De qualquer forma, o ódio tem uma predileção especial para se nutrir das diferenças entre o outro e o eu e, de acordo com observações clínicas, onde se cruza com o ódio há, inelutavelmente, um excesso de sofrimento físico e psíquico. O sofrimento e o ódio são tão próximos e íntimos que cada um acaba se tornando a causa do outro.

Voltando à teoria do sujeito-objeto, talvez a adoção de posição de apatia em relação ao ódio e à raiva seja o segredo para prevenir o sofrimento. Apatia no sentido valorativo, ou seja, não permitir que nosso sujeito mobilize valores para os objetos potencialmente causadores de ódio e/ou raiva. Assim sendo, não experimentar o ódio, a raiva e, conseqüentemente, o sofrimento, se tornará uma condição de sobrevivência física e emocional.

A Raiva pode ser entendida como uma sensação de frustração que sentimos, quando esboçamos um desejo e ele não acontece. Então surge a frustração com vontade de revidar, que é a Raiva.

A Raiva, que é a geradora de impulsos violentos contra os que nos ofendem, ferem ou invadem a nossa dignidade é a responsável por um sem número de atos de violência, incluindo a autoviolência, contra nossa própria saúde.

Assim sendo, não experimentar o ódio, a raiva e, consequentemente, o sofrimento, se tornará uma condição de sobrevivência física e emocional.


FONTE: Ballone GJ - Raiva e Ódio, emoções negativas - in. PsiqWeb, Internet

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MUDANÇAS

MUDE, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outras cadeiras, no outro lado da mesa.
Mais tarde mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
MUDE por uns tempos o estilo de roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV, compre outros jornais... Leia outros livros.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo a cada dia.  
A nova vida...
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... Outras marcas de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use caneta de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
AME MUITO, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Vá a outros cinemas, outros teatros, outros cabeleireiros.
MUDE
Lembre-se de que a vida é uma só. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viajem despretenciosa, se possível sem destino. Experimente coisas novas.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!!!

Texto: Clarice Lispector.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DIA MUNDIAL DA LUTA CONTRA A AIDS



No dia 1° de dezembro, vários países comemoram o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Essa data foi instituída como forma de despertar a necessidade da prevenção, promover o entendimento sobre a pandemia e incentivar a análise sobre a aids pela sociedade e órgãos públicos. No Brasil, a data começou a ser comemorada no final dos anos 1980, envolvendo os governos federal, estaduais, distrital e municipais e organizações sociais.

Os objetivos da campanha são desconstrução do preconceito sobre as pessoas vivendo com HIV/aids e a conscientização dos jovens sobre comportamentos seguros de prevenção.

O preconceito e a discriminação contra as pessoas vivendo com HIV/Aids são as maiores barreiras no combate à epidemia, ao adequado apoio, à assistência e ao tratamento da Aids e ao seu diagnóstico. Os estigmas são desencadeados por motivos que incluem a falta de conhecimento, mitos e medos. Ao discutir preconceito e discriminação, o Ministério da Saúde espera aliviar o impacto da Aids no País. O principal objetivo é prevenir, reduzir e eliminar o preconceito e a discriminação associados à Aids. O Brasil já encontrou um modelo de tratamento para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, que hoje é considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) uma referência para o mundo. Agora nós, brasileiros, precisamos encontrar uma forma de quebrarmos os preconceitos contra a doença e seus portadores e sermos mais solidários do que somos por natureza. Acabar com o preconceito e aumentar a prevenção devem se tornar hábitos diários de nossas vidas.

Fontes:
Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.
Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"ESTILO DE VIDA E ESTRESSE"

Viver é estar sob estresse. Ser humano é experimentar mudanças, triunfos, amor, raiva, perdas, prazer, fracassos, dor, alegria, medo.

O termo estresse aplica-se a qualquer estímulo ou mudança no meio externo ou interno gerador de tensão, que ameaça a integridade sócio-psicossomática da pessoa, seja diretamente, por suas propriedades físico-químicas, biológicas ou psicossociais, seja indiretamente, devido a seu significado simbólico.

O estresse não é um aspecto novo da vida. É o produto da interação entre um indivíduo e o meio em que vive. O homem moderno parece viver de modo a facilitar a criação de um ambiente estressante. As tensões da vida de hoje refletem sua dificuldade de adaptar-se com rapidez suficiente às novas mudanças que ele mesmo está provocando em seu meio ambiente e na sua maneira de viver.

Os estressores podem ser únicos ou múltiplos, recorrentes ou contínuos, podem afetar uma pessoa em particular, um grupo ou comunidade. Alguns estressores podem acompanhar acontecimentos específicos do desenvolvimento, como ir à escola, casar-se, tornar-se pai ou mãe, aposentar-se.

Outros, podem relacionar-se a modificações como conflitos intra-familiares, quebra de laços familiares, acidentes no trânsito, violência, conflitos sexuais, desemprego, pressões no trabalho, consumo de drogas, aumento da densidade demográfica, alta tecnologia, choque cultural, revolução, guerra, tortura, desastres naturais e acidentais.

Os acontecimentos da vida repercutem na mente e no cérebro, que constitui seu substrato físico. Essas repercussões propagam-se para o corpo e atingem a saúde como tal. A gravidade da reação não é completamente preditável da intensidade do estressor, dependendo da vulnerabilidade e sensibilidade da pessoa.

As respostas fisiológicas do organismo ao estresse que foi filtrado através da percepção e dos mecanismos psicossociais de defesa e a seguir modificado pelos apoios e gratificações que a pessoa obtém na sua vida, são necessários para a regulação da constância do meio interno.
Walter Cannon conceituou essa regulação como sendo uma função que chamou de homeostasia, que é a tendência do organismo vivo de reparar o dano causado por estímulos de qualquer tipo. Estudou também as reações do organismo à emoção e delineou o conceito do fenômeno “luta ou fuga”. As situações de perigo ativam o sistema nervoso autônomo e a medula supra-renal, que preparam o corpo para a luta ou fuga.

Quando um ser humano defronta-se com uma situação de ameaça, objetiva ou subjetiva, há aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial para que cheguem aos tecidos mais oxigênio e mais nutrientes, aumento da glicose sangüínea, vasoconstrição da pele e vísceras com diminuição do fluxo sangüíneo para estas regiões e aumento do fluxo para músculos e cérebro, dilatação da pupila, broncodilatação, fechamento dos esfíncteres, tensão muscular e ansiedade.
A adaptabilidade e o desenvolvimento da resistência aos efeitos do estresse e dos estímulos nocivos são pré-condições para a vida e a sobrevivência. Tal adaptação pode envolver reações específicas de defesa, como o desenvolvimento de anticorpos para vírus, ou mecanismos envolvidos na adaptação ao frio ou à vida em grandes altitudes ou a hipertrofia muscular por trabalho pesado e prolongado.

A adaptação também pode ser não específica, conforme descrito por Hans Selye, outro grande estudioso do estresse. Demonstrou, que além dos estressores de natureza física, como calor, frio, esforço físico, ruído, o organismo reage também às influências psicossociais nocivas existentes no ambiente, com um conjunto de modificações não específicas que chamou de Síndrome de Adaptação Geral. É representada por três fases:

1.- reação de alarme: que se assemelha a reação de emergência de Cannon.

2.- fase de resistência: que ocorre pela exposição repetida aos estímulos estressantes. Caracteriza-se pela hipertrofia do córtex da supra renal, aumento da atividade parassimpática, maior secreção de glicocorticóides, maior atividade secretória da tireóide e ilhotas de Hangerhans, atrofia do timo, baço e todas as estruturas linfáticas, leucocitose e formação de úlceras no aparelho digestivo.

3.- fase de exaustão: quando a exposição aos estressores é suficientemente prolongada e severa, a adaptação desenvolvida deixa de ser mantida, havendo alterações novamente da fase de alarme, esgotamento, podendo levar a óbito.

Dependendo da biografia do indivíduo, da sua vulnerabilidade como ser sócio-psicossomático, o mesmo poderá reagir a acontecimentos e circunstâncias estressantes de formas diferentes.
No estado de estresse, ocorrem alterações funcionais em todos os mecanismos neuro-reguladores, deprimindo os mecanismos homeostáticos do organismo e deixando-o vulnerável a infecções e outros distúrbios.

As vias neurofisiológicas envolvidas nas reações de estresse incluem o córtex cerebral, o sistema límbico, o hipotálamo, a medula, a córtex supra-renal e os sistemas nervosos simpático e parassimpático.

Como conseqüência, teremos alteração das funções motora, secretora, de irrigação e imunomoduladora, podendo ocorrer vários distúrbios:
Angina, arritmias, espasmos coronarianos, hipertensão arterial.
Cefaléia tensional, cefaléia enxaquecosa.
Asma brônquica.
Urticária, eczema, herpes.
Úlcera gastroduodenal, gastrite, duodenite, dispepsia, síndrome do colon irritável, retocolite ulcerativa.
Artrite reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, dermatomiorite, dorsalgia.
Tireotoxicose.
Síndrome de tensão pré-menstrual, dismenorréia.

Nos distúrbios citados acima existe uma patologia orgânica evidente e demonstrável; o estímulo estressor, psicologicamento significativo, está temporalmente relacionado ao início ou a exacerbação do distúrbio físico específico.

Autores:
Carlos Laganá de Andrade - Médico Psiquiatra. Psicanalista. Presidente do Comitê Multidisciplinar de Medicina Psicossomática da Associação Paulista de Medicina.
Rosely Okabe - Psicóloga Clínica. Diretora da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática - Regional de São Paulo