quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"ESTILO DE VIDA E ESTRESSE"

Viver é estar sob estresse. Ser humano é experimentar mudanças, triunfos, amor, raiva, perdas, prazer, fracassos, dor, alegria, medo.

O termo estresse aplica-se a qualquer estímulo ou mudança no meio externo ou interno gerador de tensão, que ameaça a integridade sócio-psicossomática da pessoa, seja diretamente, por suas propriedades físico-químicas, biológicas ou psicossociais, seja indiretamente, devido a seu significado simbólico.

O estresse não é um aspecto novo da vida. É o produto da interação entre um indivíduo e o meio em que vive. O homem moderno parece viver de modo a facilitar a criação de um ambiente estressante. As tensões da vida de hoje refletem sua dificuldade de adaptar-se com rapidez suficiente às novas mudanças que ele mesmo está provocando em seu meio ambiente e na sua maneira de viver.

Os estressores podem ser únicos ou múltiplos, recorrentes ou contínuos, podem afetar uma pessoa em particular, um grupo ou comunidade. Alguns estressores podem acompanhar acontecimentos específicos do desenvolvimento, como ir à escola, casar-se, tornar-se pai ou mãe, aposentar-se.

Outros, podem relacionar-se a modificações como conflitos intra-familiares, quebra de laços familiares, acidentes no trânsito, violência, conflitos sexuais, desemprego, pressões no trabalho, consumo de drogas, aumento da densidade demográfica, alta tecnologia, choque cultural, revolução, guerra, tortura, desastres naturais e acidentais.

Os acontecimentos da vida repercutem na mente e no cérebro, que constitui seu substrato físico. Essas repercussões propagam-se para o corpo e atingem a saúde como tal. A gravidade da reação não é completamente preditável da intensidade do estressor, dependendo da vulnerabilidade e sensibilidade da pessoa.

As respostas fisiológicas do organismo ao estresse que foi filtrado através da percepção e dos mecanismos psicossociais de defesa e a seguir modificado pelos apoios e gratificações que a pessoa obtém na sua vida, são necessários para a regulação da constância do meio interno.
Walter Cannon conceituou essa regulação como sendo uma função que chamou de homeostasia, que é a tendência do organismo vivo de reparar o dano causado por estímulos de qualquer tipo. Estudou também as reações do organismo à emoção e delineou o conceito do fenômeno “luta ou fuga”. As situações de perigo ativam o sistema nervoso autônomo e a medula supra-renal, que preparam o corpo para a luta ou fuga.

Quando um ser humano defronta-se com uma situação de ameaça, objetiva ou subjetiva, há aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial para que cheguem aos tecidos mais oxigênio e mais nutrientes, aumento da glicose sangüínea, vasoconstrição da pele e vísceras com diminuição do fluxo sangüíneo para estas regiões e aumento do fluxo para músculos e cérebro, dilatação da pupila, broncodilatação, fechamento dos esfíncteres, tensão muscular e ansiedade.
A adaptabilidade e o desenvolvimento da resistência aos efeitos do estresse e dos estímulos nocivos são pré-condições para a vida e a sobrevivência. Tal adaptação pode envolver reações específicas de defesa, como o desenvolvimento de anticorpos para vírus, ou mecanismos envolvidos na adaptação ao frio ou à vida em grandes altitudes ou a hipertrofia muscular por trabalho pesado e prolongado.

A adaptação também pode ser não específica, conforme descrito por Hans Selye, outro grande estudioso do estresse. Demonstrou, que além dos estressores de natureza física, como calor, frio, esforço físico, ruído, o organismo reage também às influências psicossociais nocivas existentes no ambiente, com um conjunto de modificações não específicas que chamou de Síndrome de Adaptação Geral. É representada por três fases:

1.- reação de alarme: que se assemelha a reação de emergência de Cannon.

2.- fase de resistência: que ocorre pela exposição repetida aos estímulos estressantes. Caracteriza-se pela hipertrofia do córtex da supra renal, aumento da atividade parassimpática, maior secreção de glicocorticóides, maior atividade secretória da tireóide e ilhotas de Hangerhans, atrofia do timo, baço e todas as estruturas linfáticas, leucocitose e formação de úlceras no aparelho digestivo.

3.- fase de exaustão: quando a exposição aos estressores é suficientemente prolongada e severa, a adaptação desenvolvida deixa de ser mantida, havendo alterações novamente da fase de alarme, esgotamento, podendo levar a óbito.

Dependendo da biografia do indivíduo, da sua vulnerabilidade como ser sócio-psicossomático, o mesmo poderá reagir a acontecimentos e circunstâncias estressantes de formas diferentes.
No estado de estresse, ocorrem alterações funcionais em todos os mecanismos neuro-reguladores, deprimindo os mecanismos homeostáticos do organismo e deixando-o vulnerável a infecções e outros distúrbios.

As vias neurofisiológicas envolvidas nas reações de estresse incluem o córtex cerebral, o sistema límbico, o hipotálamo, a medula, a córtex supra-renal e os sistemas nervosos simpático e parassimpático.

Como conseqüência, teremos alteração das funções motora, secretora, de irrigação e imunomoduladora, podendo ocorrer vários distúrbios:
Angina, arritmias, espasmos coronarianos, hipertensão arterial.
Cefaléia tensional, cefaléia enxaquecosa.
Asma brônquica.
Urticária, eczema, herpes.
Úlcera gastroduodenal, gastrite, duodenite, dispepsia, síndrome do colon irritável, retocolite ulcerativa.
Artrite reumatóide, lupus eritematoso sistêmico, dermatomiorite, dorsalgia.
Tireotoxicose.
Síndrome de tensão pré-menstrual, dismenorréia.

Nos distúrbios citados acima existe uma patologia orgânica evidente e demonstrável; o estímulo estressor, psicologicamento significativo, está temporalmente relacionado ao início ou a exacerbação do distúrbio físico específico.

Autores:
Carlos Laganá de Andrade - Médico Psiquiatra. Psicanalista. Presidente do Comitê Multidisciplinar de Medicina Psicossomática da Associação Paulista de Medicina.
Rosely Okabe - Psicóloga Clínica. Diretora da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática - Regional de São Paulo



terça-feira, 29 de novembro de 2011

O ADOECER

                De acordo com Dahlke, a doença é um desequilíbrio interior do ser vivo e em sua interação com o meio que o cerca. Esse desequilíbrio, isto é, a instalação da doença faz com que o organismo tente restabelecer o equilíbrio, seja eliminando o que perturba, seja se adaptando à nova situação.
            Doença e saúde são conceitos singulares, pois se referem a um estado das pessoas, e não, a órgãos ou partes do corpo.
            “Em todo ser vivo, aquilo que designamos como partes constituintes, forma um todo inseparável, que só pode ser estudado em conjunto, pois a parte não permite reconhecer o todo, nem o conjunto deve ser conhecido pelas partes” Goethe
            O corpo nunca está só doente ou só saudável, visto que nele se expressam realmente informações da consciência. A perturbação da harmonia acontece na consciência e no âmbito da informação e se revela no corpo. Conclui-se que, se a consciência de uma pessoa desequilibra, isto é expressado na forma de sintomas corporais.
            O sintoma é um sinal que atrai sobre si a atenção, o interesse e a energia, pondo em risco o fluxo natural e suave dos processos. O que constantemente se manifesta em nosso corpo como sintoma é a expressão visível de um processo invisível, um sinal de advertência indicando que alguma coisa não está em ordem. O sintoma não pode ser impedido de manifestar-se.
            O que desencadeia a doença?
            Primeiro: a doença como válvula de escape.
            O nosso ego tem um limite e resistências naturais a tensões e os nossos conflitos intrapsiquicos e emocionais, quando não elaborados, transcendem esses limites e acabem se externalizando através da doença. Quanto mais frágil o ego está, mais inseguro, intranquilo ou com pouco auto-conhecimento, maior a probabilidade dos conflitos serem externalizados através de um órgão (físico). Este órgão é escolhido por ser o de menor resistência no organismo, ou por ter correlação e simbolismo com os conflitos internos.
            Segundo: incapacidade de expressão.
            Além das dificuldades de expressar adequadamente suas emoções, sentimentos e sensações, há todo um processo de socialização para a não externalização das manifestações de afeto, emoções ou sofrimentos psíquicos. A própria dificuldade de se expressar já é resultado da internalização do processo social, onde devemos sempre nos apresentar de forma rígida, forte, segura e confiante, não importando o tamanho do desgaste que esse comportamento esperado possa nos causar. Sendo assim, impossibilita de externalizar o sofrimento, a pessoa o incorpora a um órgão, e faz do sofrimento físico uma tentativa de discurso para legitimar a possibilidade de atendimento de sua dor. A pessoa faz do corpo o veiculo para externalização de seus sofrimentos.
                Terceiro: desejo de auto-punição
            São pessoas que, inconscientemente, sentem-se culpadas e mercedoras de castigo. Pessoas que mantem em relação ao corpo uma postura ambivalente de amor e ódio, preocupando-se com ele de forma exagerada, mas mantendo o desejo de puni-lo e/ou mutila-lo. Geralmente são pessoas que apresentam uma história de vida sofrida do ponto de vista emocional e afetivo, e que precisam ser punidas por algo que fizeram, e merecedoras do sofrimento vivido. Esta culpa e a conseqüente auto-punição, está relacionada ao fato de terem sobrevivido a tudo que passaram.
            Quarto: ganhos secundários
            A pessoa recebe atenção, carinho, indulgências sociais, o que nos leva a uma regressão a fases infantis. Inclui-se ainda, o fato que o doente está isento de papéis sociais normais, não precisa ganhar seu sustento, não sofre pressões diárias e, principalmente não é responsável pela doença, sendo considerado uma vítima, digna de dó e respeito.


Fonte:
Dahlke, R. (1992) A Doença Como Caminho. São Paulo: Pensamento Cultrix.
Dahlke, R. (2000) A Doença Como Símbolo. São Paulo: Pensamento Cultrix.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"A ARTE DE NÃO ADOECER"

Se não quiser adoecer - "Fale de seus sentimentos"....
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como: gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna. Com o tempo a repressão dos sentimentos degenera até em câncer. Então vamos desabafar, confidenciar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra, é um poderoso remédio e excelente terapia.


Se não quiser adoecer - "Tome decisão"...
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia. A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões. A história humana é feita de decisões. Para decidir é preciso saber renunciar, saber perder vantagem e valores para ganhar outros. As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.


Se não quiser adoecer - "Busque soluções"....
Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo. Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão. Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.


Se não quiser adoecer - "Não viva de aparências"...
Quem esconde a realidade finge, faz pose, quer sempre dar a impressão que está bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc., está acumulando toneladas de peso... uma estátua de bronze, mas com pés de barro. Nada pior para a saúde que viver de aparências e fachadas. São pessoas com muito verniz e pouca raiz. Seu destino é a farmácia, o hospital, a dor.


Se não quiser adoecer - "Aceite-se"...
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima, faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável. Os que não se aceitam são invejosos, ciumentos, imitadores, competitivos, destruidores. Aceitar-se, aceitar ser aceito, aceitar as críticas, é sabedoria, bom senso e terapia.


Se não quiser adoecer - "Confie"...
Quem não confia, não se comunica, não se abre, não se relaciona, não cria liames profundos, não sabe fazer amizades verdadeiras. Sem confiança, não há relacionamento. A desconfiança é falta de fé em si, nos outros e em Deus.


Se não quiser adoecer - "Não viva sempre triste"...
O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive. "O bom humor nos salva das mãos do doutor". Alegria é saúde e terapia.
 Dr. Drauzio Varella