terça-feira, 29 de novembro de 2011

O ADOECER

                De acordo com Dahlke, a doença é um desequilíbrio interior do ser vivo e em sua interação com o meio que o cerca. Esse desequilíbrio, isto é, a instalação da doença faz com que o organismo tente restabelecer o equilíbrio, seja eliminando o que perturba, seja se adaptando à nova situação.
            Doença e saúde são conceitos singulares, pois se referem a um estado das pessoas, e não, a órgãos ou partes do corpo.
            “Em todo ser vivo, aquilo que designamos como partes constituintes, forma um todo inseparável, que só pode ser estudado em conjunto, pois a parte não permite reconhecer o todo, nem o conjunto deve ser conhecido pelas partes” Goethe
            O corpo nunca está só doente ou só saudável, visto que nele se expressam realmente informações da consciência. A perturbação da harmonia acontece na consciência e no âmbito da informação e se revela no corpo. Conclui-se que, se a consciência de uma pessoa desequilibra, isto é expressado na forma de sintomas corporais.
            O sintoma é um sinal que atrai sobre si a atenção, o interesse e a energia, pondo em risco o fluxo natural e suave dos processos. O que constantemente se manifesta em nosso corpo como sintoma é a expressão visível de um processo invisível, um sinal de advertência indicando que alguma coisa não está em ordem. O sintoma não pode ser impedido de manifestar-se.
            O que desencadeia a doença?
            Primeiro: a doença como válvula de escape.
            O nosso ego tem um limite e resistências naturais a tensões e os nossos conflitos intrapsiquicos e emocionais, quando não elaborados, transcendem esses limites e acabem se externalizando através da doença. Quanto mais frágil o ego está, mais inseguro, intranquilo ou com pouco auto-conhecimento, maior a probabilidade dos conflitos serem externalizados através de um órgão (físico). Este órgão é escolhido por ser o de menor resistência no organismo, ou por ter correlação e simbolismo com os conflitos internos.
            Segundo: incapacidade de expressão.
            Além das dificuldades de expressar adequadamente suas emoções, sentimentos e sensações, há todo um processo de socialização para a não externalização das manifestações de afeto, emoções ou sofrimentos psíquicos. A própria dificuldade de se expressar já é resultado da internalização do processo social, onde devemos sempre nos apresentar de forma rígida, forte, segura e confiante, não importando o tamanho do desgaste que esse comportamento esperado possa nos causar. Sendo assim, impossibilita de externalizar o sofrimento, a pessoa o incorpora a um órgão, e faz do sofrimento físico uma tentativa de discurso para legitimar a possibilidade de atendimento de sua dor. A pessoa faz do corpo o veiculo para externalização de seus sofrimentos.
                Terceiro: desejo de auto-punição
            São pessoas que, inconscientemente, sentem-se culpadas e mercedoras de castigo. Pessoas que mantem em relação ao corpo uma postura ambivalente de amor e ódio, preocupando-se com ele de forma exagerada, mas mantendo o desejo de puni-lo e/ou mutila-lo. Geralmente são pessoas que apresentam uma história de vida sofrida do ponto de vista emocional e afetivo, e que precisam ser punidas por algo que fizeram, e merecedoras do sofrimento vivido. Esta culpa e a conseqüente auto-punição, está relacionada ao fato de terem sobrevivido a tudo que passaram.
            Quarto: ganhos secundários
            A pessoa recebe atenção, carinho, indulgências sociais, o que nos leva a uma regressão a fases infantis. Inclui-se ainda, o fato que o doente está isento de papéis sociais normais, não precisa ganhar seu sustento, não sofre pressões diárias e, principalmente não é responsável pela doença, sendo considerado uma vítima, digna de dó e respeito.


Fonte:
Dahlke, R. (1992) A Doença Como Caminho. São Paulo: Pensamento Cultrix.
Dahlke, R. (2000) A Doença Como Símbolo. São Paulo: Pensamento Cultrix.

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