sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ASPECTOS EMOCIONAIS DO CÂNCER

A partir de uma pesquisa realizada por Leshan a qual estudou mais de 500 pacientes com câncer, observou-se que em 76% dos casos estes pacientes pareciam ter mais emoções do que energia para expressá-las. Demonstram possuir mais energia emocional do que formas para as manifestar. Muitas vezes, esses pacientes foram capazes de se relacionar de forma constante, mas posteriormente retirados ou privados desses relacionamentos experimentaram sensação de prostração e desenvolveram o câncer. Além disso, esses indivíduos também demonstram ser incapazes de expressar seus sentimentos de mágoa, zanga, hostilidade, raiva, tomando como característica a “ bondade”, mas que na verdade, era um sinal de fracasso, de falta de esperança.

Para Leshan o padrão emocional básico do indivíduo com câncer possui três elementos principais:
  1. Uma infância ou adolescência marcada por sentimentos de isolamento. Sensação de que os relacionamentos intensos e significativos são perigosos e provocam sofrimento e rejeição
  2. Período de descoberta de um relacionamento significativo, permitindo ao indivíduo que desfrute a sensação de ser aceito e encontre um sentido para sua vida. Assim, este relacionamento tornou-se o centro da vida do paciente.
  3. Quando ocorre a perda daquele relacionamento central, surgindo uma sentimento de desespero, abandono, solidão, relacionados a infância porem mais intensos. A vida perde seu objetivo e encerra-se a esperança.
De acordo com Dahlke o amor é um estado de consciência que capta algo da unidade de tudo que existe. Abre as limitações e permite a entrada de outro para que haja uma união. No amor se unem e se fundem os opostos. Mas, quem não vive este amor na consciência corre o risco de ver seu amor vincular-se à materialidade, tentando fazer as leis que também regem o câncer.

O câncer é um amor num nível equivocado, sintoma de um amor mal compreendido. Ele não mostra o amor vivido, é um amor pervertido. E só sente respeito pelo amor verdadeiro e o símbolo desse amor é o coração, único órgão que não pode ser atacado pelo câncer.

No entanto, não é preciso vencer o câncer, ele tem de ser compreendido para que também possamos compreender a nós mesmos. Representa uma grande oportunidade para descobrirmos nossos próprios erros de pensamentos e enganos.

Simonton refere que após o aparecimento da doença, muitos dão o primeiro passo para alterar a sua direção. Depois, ao mudarem suas atitudes e comportamentos, podem se orientar para o caminho da saúde.

Para Sidney in Leshan “a cura está enraizada na estrutura do organismo total, e o melhor que o terapeuta tem a fazer é colaborar com a natureza, isto é, ajudar o organismo a funcionar à sua maneira, da forma mais eficaz e completa possível”. No processo terapêutico, o principal enfoque é buscar que o paciente fique em total harmonia consigo mesmo, para que possa reagir de modo completo e espontâneo.

Simonton descreve quatro etapas no âmbito psicológico que são observadas nos paciente quando estes redirecionam sua vida quanto a vontade de viver.
1.   Com o diagnóstico de uma doença mortal, a pessoa adquire uma nova perspectiva em relação aos seus problemas. O medo da morte, permite aos indivíduos agir de maneira diferente da qual vivia, a raiva, a hostilidade podem agora ser expressadas, a doença dá o direito da pessoa dizer não.
2.   A pessoa toma decisão de mudar o seu comportamento, de ser uma pessoa diferente. Observa-se maior liberdade de ação e utilização de outros recursos, o indivíduo passa a perceber que está em si mesmo a resolução de seus problemas, ou que consegue lidar com eles. Percebe que quebrar antigas regras, mudar seu comportamento não interferem na perda de sua identidade.
3.    Os processos físicos do corpo reagem aos sentimentos de esperança e há um renovado desejo de viver, criando um ciclo reforçado a partir do novo estado mental. Mudanças no estado psicológico resultam em mudanças no estado físico.Na maioria dos casos esse processo passa por oscilações, podem haver recaídas físicas por conflitos que encontra durante o tratamento até o momento que o paciente sinta-se novamente confiante para lidar com a situação.
4.   O paciente curado está melhor do que antes. A saúde que recuperam é superior a que tinham antes do aparecimento da doença. Os pacientes que participaram de forma ativa no tratamento do câncer, apresentam atitudes diferentes e são mais positivos em relação à vida. Acreditam e passam a ter confiança de que as coisas vão melhorar e deixam de ser vítimas dos conflitos.

Fonte:
Dahlke, R. (1992) A Doença Como Caminho. São Paulo: Pensamento Cultrix.
Leshan, L.( 1992). O Câncer Como Ponto de Mutação – Summus Editorial  
Leshan, L. (1994). Brigando pela Vida – Aspectos emocionais do câncer. Tradução Denise Bolanho. São Paulo: Summus
Simonton, O C. & Simonton, S. M. & Creighton, J. L.(1987) Com a vida de novo: Uma abordagem de auto – ajuda para pacientes com câncer. São Paulo: Summus

Um comentário:

  1. Gostei do texto. Está simples e objetivo.
    Sugiro a leitura do capitulo sobre o câncer do livro: A Doença como Linguagem da Alma - do Rüdiger Dahlke

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